🌿 Crônicas que Respiram
Capítulo 1 – O Filho dos Sonhos
Narrado por José, filho de Jacó
Ao cair da noite sobre as terras do Egito, quando até os guardas se recolhem e os ventos se tornam sussurros do passado…
meus olhos se voltaram para o horizonte, tingido em tons de ouro e cinza.
A varanda de meus aposentos era alta, e dali se via longe — quase até onde a lembrança alcança.
Ao meu lado, estavam Manassés e Efraim.
Minhas promessas vivas.
Minha herança.
Não por mérito meu…
Mas por fidelidade dAquele que prometeu aos meus pais.
Eu me curvei para eles com um sorriso cansado, mas cheio de gratidão.
— Filhos… hoje quero contar algo. Não apenas o que me aconteceu… mas o que senti.
Quero que conheçam o caminho pelo qual a promessa passou para chegar até vocês.
Me sentei entre eles e deixei que o silêncio primeiro falasse.
O mesmo silêncio que um dia me envolveu quando tudo começou a mudar.
— Quando eu era jovem, Deus começou a me visitar nos sonhos.
Primeiro vi feixes de trigo — o meu em pé, os dos meus irmãos curvando-se.
Depois, vi o sol, a lua e onze estrelas inclinando-se diante de mim.
E mesmo sem entender, algo em mim queimava com uma certeza: “Isso é de Deus.”
Eu acreditava que se compartilhasse o que via, seria compreendido.
Achava que os irmãos com quem cresci se alegrariam.
Mas descobri… que nem todos suportam a luz dos sonhos alheios.
Eu me lembro daquele dia…
Meu pai me enviou com alimento e palavras de paz.
Fui ao encontro dos meus irmãos com alegria.
Meu coração era leve.
Eu queria fazer parte.
Queria servir.
Mas, ao me aproximar deles no campo, senti algo estranho no ar.
Os olhares…
Não eram os mesmos.
Não havia afeto.
Havia dureza.
E algo em seus olhos me gelou por dentro:
vi neles a morte.
Eles não me viam mais como irmão.
Me viam como rival. Como ameaça.
E antes que eu dissesse qualquer coisa, fui cercado.
Minhas mãos ainda seguravam o pão…
Mas logo estavam presas.
Minha túnica — aquela que meu pai me deu com tanto amor — foi arrancada com desprezo.
Fui arrastado.
Sem aviso. Sem defesa.
Como um cordeiro levado ao abate.
Como uma presa acuada em tocaia.
Meu corpo tocava o chão.
Meus joelhos batiam nas pedras.
As vozes deles — as vozes que conhecia desde a infância — tornaram-se estranhas, carregadas de raiva e decisão.
Eu gritava por respostas.
Por misericórdia.
Por qualquer resquício de compaixão.
Mas o que recebi foi o frio.
O frio de um poço.
Escuro. Vazio.
Um buraco fundo na terra… e mais ainda na alma.
Ali, sozinho, com os ecos do silêncio me envolvendo…
eu chorei.
E perguntei a Deus:
— “Senhor… onde estás?”
— “O Senhor me enganou?”
— “E os sonhos? O que foi aquilo tudo?”
E, meus filhos…
naquela escuridão, algo acendeu dentro de mim.
Uma voz que não gritou, mas sussurrou.
Forte o bastante para quebrar o medo:
— “Você ainda está dentro da promessa.”
Eu não entendi tudo naquele dia.
Na verdade, entendi pouco.
Mas guardei esse sussurro como quem guarda vida em meio à morte.
Foi naquele poço que começou o longo caminho até o palácio.
E foi naquele poço que entendi…
que promessas de Deus não se medem pela posição onde estamos, mas pela fidelidade dEle em nos conduzir até o fim.
Por isso, filhos, quando vocês sonharem…
e o mundo não entender…
e até os que vocês amam se voltarem contra vocês…
Lembrem-se: os olhos de Deus nunca se desviam de quem carrega Seus sonhos.
🌙 “Às vezes, Deus cava profundo… para plantar algo que dará fruto no tempo certo.”
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#CrônicasQueRespiram
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