O Último Fio de Azeite A dívida... Era uma sombra. Dessas que crescem devagar... Mas que um dia tomam tudo. Meu marido servia aos profetas. Um homem bom. Fiel. Temente a Deus. Mas a morte… A morte não pede licença. Ela veio fria. Rápida. Cruel. E me deixou com duas crianças… E uma casa que só sabia ecoar silêncio. O pão murchava na mesa. Nem o mofo se interessava mais por ele. E eu… Eu já não sabia se chorava… ou se secava junto com a esperança. Então, eles chegaram. Não com lanças. Mas com palavras afiadas. Com mãos estendidas. Com olhos que pesavam. Queriam o que ainda me restava: — “Seus filhos. Eles servirão como pagamento.” A garganta se fechou. Como porta trancada por dentro. Quis gritar… Mas o grito morreu. E o medo se pendurou em mim como manto molhado — pesado, frio, impossível de arrancar. Foi aí… Foi aí que alguma coisa dentro de mim se levantou. Talvez o instinto. Talvez o desespero. Talvez a última centelha de fé antes do fim. Fui até Eliseu. Mi...