Desigrejados: Desafios para Nossos Tempos

 Desigrejados: Desafios para Nossos Tempos

    "Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes, admoestando-nos uns aos outros, e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele dia." (Hebreus 10.25)

    Imaginemos que a igreja é como um grande barco em alto-mar, projetado para enfrentar tempestades, ondas e ventos fortes. Os membros dessa embarcação são os passageiros que, unidos, buscam alcançar o porto seguro que é Cristo. Mas, em meio às dificuldades, muitos se sentem desanimados, preferem saltar do barco e enfrentar as águas turbulentas sozinhos. Este é o reflexo do fenômeno crescente dos desigrejados nos nossos tempos.

    Ser desigrejado parece uma escolha de liberdade. Contudo, ao abandonar a comunhão da igreja, muitos se lançam ao mar revolto da individualidade, sem o apoio que a congregação oferece para fortalecer a fé e perseverar nas tribulações. O versículo de Hebreus 10.25 nos alerta contra essa prática, exortando-nos a não abandonar a congregação, mas a permanecer unidos, especialmente agora que o retorno de Cristo está mais próximo.

    Nos dias atuais, o termo “desigrejado” tem sido usado para descrever aqueles que, por diversos motivos, têm se afastado da igreja, sem, contudo, abandonarem totalmente a fé. Muitos alegam que a igreja está cheia de falhas, hipocrisia ou que não encontram mais propósito nas atividades religiosas. A sensação de ser "livre" pode ser tentadora, mas a verdadeira liberdade só é encontrada em Cristo e em Seu corpo, que é a igreja.

    Se refletirmos sobre o corpo humano, vemos que nenhum membro, por mais pequeno ou insignificante que seja, pode viver isolado. O dedo, o olho, o pé, todos precisam do corpo para cumprir sua função. Da mesma forma, a igreja é o corpo de Cristo, e nenhum cristão pode viver plenamente sua vida espiritual desconectado dessa comunidade. O afastamento pode até parecer algo momentâneo ou sem consequências, mas, assim como uma ovelha separada do rebanho fica vulnerável aos perigos do mundo, o cristão isolado também se torna suscetível às armadilhas do inimigo.

    A atual onda de desigrejados representa um desafio significativo para a igreja contemporânea. Não é apenas uma questão de pessoas se afastarem fisicamente dos templos, mas de um esvaziamento do entendimento sobre o propósito da igreja na vida do crente. Ao abandonar a congregação, muitos se afastam da verdadeira comunhão, da edificação mútua e do crescimento espiritual que são frutos de uma vida em comunidade.

    O Senhor nos chama a ser "sal da terra e luz do mundo" (Mateus 5.13-14), mas para cumprir essa missão, precisamos estar unidos como um corpo. Sozinhos, estamos vulneráveis. Juntos, somos mais fortes. Por isso, o apelo de Hebreus 10.25 não é apenas uma recomendação, mas uma exortação urgente para não desistirmos da igreja, mas para estimularmos uns aos outros a perseverar na fé e a buscar a santidade. Quando nos reunimos em Cristo, o Senhor nos fortalece e nos capacita para enfrentar os desafios do mundo com coragem, discernimento e graça.

    A situação atual dos desigrejados nos chama a refletir sobre o que estamos fazendo para promover uma igreja que seja acolhedora, que cuide das feridas, que edifique e que, acima de tudo, viva a verdadeira essência de Cristo. Não podemos permitir que as ondas da crítica e da insatisfação nos afastem do propósito eterno de Deus.

    É tempo de voltar ao barco, reavivar a chama da comunhão e não deixar que a frieza espiritual nos faça optar pelo isolamento. Que possamos, como corpo de Cristo, viver em unidade, amor e fidelidade, aguardando juntos a volta do nosso Salvador, o único capaz de nos manter firmes até o fim.

Autor: Dellobato