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Acalme Seu Coração

A Paz Que Só Deus Pode Dar


    
Ao cair da noite, quando os ventos frios sopram sobre os corações aflitos, a alma humana parece buscar, como um viajante perdido, algum refúgio seguro. Em um mundo repleto de desordem e tumulto, onde o rufar das guerras externas ecoa com igual violência no interior de cada homem, o coração torna-se um campo de batalha onde reina a inquietude. Não há sono que tranquilize, nem riqueza que conforte. Somos, por natureza, como barcos sacudidos pelas ondas, frágeis e dependentes de uma âncora mais forte que nós mesmos.

    Foi em um cenário de sombras, nos últimos dias de Sua caminhada na terra, que Jesus, o Príncipe da Paz, ergueu a voz para confortar Seus discípulos. Ele sabia que o sofrimento, como um leão faminto, rondava cada um deles. Ele sabia que o tempo da cruz estava próximo e que Seus amigos seriam como cordeiros dispersos no vale da aflição. E então, como uma brisa suave em meio ao calor do deserto, Ele lhes disse:

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (João 14:27)

    Ah, que palavras benditas! Não eram promessas vazias de um filósofo terreno, nem a ilusão dos poderosos deste mundo, que oferecem paz com mãos sujas de sangue e corações manchados de ambição. Não. A paz que Jesus prometeu não é a ausência de guerra, tampouco a calmaria temporária que vem das circunstâncias. É uma paz celestial, nascida no coração do Eterno e entregue ao homem como um presente divino.

    Observe, caro leitor, a profundidade dessa promessa. Jesus não diz: “Eu vos darei uma paz futura,” mas sim, “Deixo-vos a paz.” A Sua paz é real e presente, como um manto invisível que cobre a alma inquieta e a torna inexpugnável diante das tempestades.

    Imagine, então, os discípulos naquela noite escura, sentados à mesa, ouvindo as palavras do Mestre. Seus corações pesados pela antecipação da perda, os olhos marejados pelas lágrimas não derramadas. Não havia ali tranquilidade exterior, mas no meio deles estava Aquele que é a própria Paz. Ele não prometeu livrá-los da cruz ou do sofrimento, mas lhes deu algo maior: a certeza de Sua presença em meio ao caos.

    E hoje, amigo leitor, essas palavras ressoam ainda com igual força e beleza. Quem de nós não conhece a tribulação? Quem não sente o peso das angústias, como correntes arrastadas pelos pés cansados? As dificuldades vêm para todos: para o rico e para o pobre, para o sábio e para o simples. A doença invade o lar sem bater à porta, as tempestades varrem a casa construída com esforço, e o desespero sussurra mentiras nos ouvidos dos mais fortes.

    Mas ouça novamente as palavras de Jesus: “Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” O coração, tão fácil de perturbar e tão frágil diante do medo, é convidado a descansar. Não porque o mundo tenha melhorado, não porque os problemas tenham desaparecido, mas porque a paz de Cristo é maior do que qualquer tribulação.

    Ah, quantas vezes buscamos paz onde ela não pode ser encontrada! Como tolos, corremos atrás de falsas promessas, tentando apaziguar a alma com riquezas, prazeres e realizações que, no fim, apenas aumentam nossa sede. Como aqueles que bebem água salgada para matar a sede, descobrimos que o vazio continua, pois nada neste mundo pode preencher o lugar reservado ao Eterno.

    A paz do mundo é efêmera, como uma chama fraca que o menor vento pode apagar. Mas a paz de Cristo é um fogo inextinguível, ardendo em nossos corações mesmo nas noites mais escuras. É a paz de um Salvador que venceu a morte, de um Rei que conhece o fim desde o princípio, de um Pai que guarda Seus filhos com mãos seguras.

    Lembre-se, querido leitor, que o mesmo Jesus que prometeu paz também declarou: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (João 16:33). Que consolo há nisso! Não somos poupados do sofrimento, mas somos sustentados no meio dele. As tribulações podem bater à nossa porta, mas não podem roubar a paz que Cristo nos deu.

    Portanto, quando o coração estiver pesado e as circunstâncias parecerem intransponíveis, erga os olhos ao céu e ouça novamente a voz suave do Mestre: “A minha paz vos dou.” Essa paz não depende do que vemos ou sentimos; ela é ancorada na promessa imutável de um Deus fiel.

    Acalme seu coração. Descanse, ainda que as ondas se levantem. Aquele que acalmou o mar com uma palavra está ao seu lado. A paz d’Ele não é apenas promessa; é realidade viva.

    E quando o mundo se perguntar como você pode ter paz em meio ao caos, a resposta será clara: “Não é a paz que o mundo dá; é a paz que só Deus pode dar.”

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