Mão de Deus Não Está Encolhida
Há uma angústia que ronda o coração dos homens quando olham ao redor e se perguntam: “Onde está Deus em meio a tudo isso?” A calamidade se espalha como fumaça ao vento, a justiça parece fugir do alcance dos justos, e os céus, por vezes, parecem de bronze. O homem moderno, assim como o antigo, se vê diante da tentação de duvidar da presença divina, de imaginar que o Altíssimo retirou Sua mão do mundo e nos entregou a nosso próprio destino. Mas eis que surge a voz do profeta, clara como um trovão no deserto:
“Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido agravado, para não poder ouvir.” (Isaías 59:1)
Aqui repousa uma verdade inabalável, uma âncora para a alma cansada: Deus não perdeu Seu poder, nem Sua atenção está dispersa. Se há uma sensação de distância, ela não reside n’Ele, mas em nós. O pecado ergue muralhas, mas o arrependimento as derruba. O mundo pode mudar, os tempos podem parecer sombrios, mas a mão de Deus permanece estendida, pronta a agir.
A Mão que Salva
Desde os primórdios da criação, a mão de Deus tem sido um símbolo de salvação. Com ela, Ele formou o homem do pó, estendeu os céus como um véu e estabeleceu as estrelas em seu curso. Mas Sua mão não é apenas a do Criador, é também a do Redentor. Quando Israel gemeu sob o peso da escravidão, foi pela mão do Senhor que foram libertos. O mar se abriu diante deles, as águas se tornaram muros e a terra seca os recebeu.
Nada está além do alcance d’Ele. O homem pode se debater em meio às ondas, pode estar à beira do abismo, mas se clamar ao Senhor, encontrará uma mão firme a erguê-lo. Foi assim com Pedro, que, tomado pelo medo, começou a afundar. Seu erro não foi andar sobre as águas – foi tirar os olhos do Mestre. Mas quando clamou: “Senhor, salva-me!”, imediatamente a mão de Cristo o segurou.
Essa mesma mão está estendida hoje. Não há profundidade tão grande da qual Ele não possa resgatar. Não há vida tão arruinada que Sua graça não possa restaurar. O que é impossível aos homens é trivial para o Deus que desenhou o universo com um sopro.
A Mão que Corrige
No entanto, essa mão que salva é também a mão que disciplina. Muitos clamam por um Deus que intervenha em seu favor, mas se recusam a abandonar os caminhos que os afastam d’Ele. O profeta Isaías continua sua advertência:
“Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.” (Isaías 59:2)
Aqui está a grande barreira. O problema nunca foi a fraqueza de Deus, mas a dureza do coração humano. Israel aprendeu essa lição da maneira mais amarga. Sempre que abandonavam os caminhos do Senhor, sentiam o peso de Sua mão – não para destruí-los, mas para despertá-los ao arrependimento. Quando o povo se afastava, vinham os inimigos, a fome, o exílio. Mas bastava um clamor sincero, e a mesma mão que disciplinava os acolhia novamente.
Quantos hoje vivem sob essa mesma realidade? Sentem o peso da distância, a ausência da paz, mas relutam em abandonar o que os mantém longe de Deus. O orgulho se ergue como uma muralha entre o homem e o céu. No entanto, há uma promessa imutável: aquele que se humilha diante do Senhor encontrará não uma mão cerrada em ira, mas uma mão aberta em misericórdia.
A Mão que Sustenta Aqueles que confiam no Senhor nunca são deixados à própria sorte. Sua mão não apenas salva e corrige, mas também sustenta. Diz a Escritura:
“Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel.” (Isaías 41:10)
A caminhada cristã não é isenta de desafios. Haverá dias de tempestade, momentos de fraqueza, instantes em que tudo parecerá perdido. Mas aquele que está firmado em Deus jamais cairá em desespero. Ele sustenta os Seus com uma força que o mundo não conhece.
Os mártires enfrentaram a morte com cânticos nos lábios porque estavam seguros nessa verdade. Paulo e Silas, açoitados e aprisionados, não lamentaram sua sorte, mas cantaram ao Senhor, e os alicerces da prisão tremeram. Não havia dúvida em seus corações: a mão do Senhor os sustentava.
E essa mesma mão ainda está presente. O mesmo Deus que guardou Daniel na cova dos leões, que sustentou Elias no deserto, que fortaleceu Davi diante de gigantes, continua a operar. Aqueles que O buscam jamais serão deixados sozinhos.
O Que Nos Impede?
Se a mão de Deus não está encolhida, por que muitos vivem como se estivessem esquecidos? A resposta não está n’Ele, mas em nós. O que nos impede de experimentar Seu agir não é Sua ausência, mas nossa resistência.
Se há trevas, que nos voltemos para a Luz. Se há distância, que busquemos a reconciliação. Se há medo, que depositemos nossa confiança n’Aquele que sustenta o universo.
Pois a verdade permanece: a mão do Senhor não está encolhida. Está estendida. Quem se atreverá a segurá-la
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