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🔥No Caminho, o Fogo

🔥 "Crônicas que respiram" No Caminho, o Fogo Narrado por um dos discípulos de Emaús Ele morreu. Eu vi a terra escurecer. O templo tremer. O véu se rasgar como carne. E mesmo assim… eu fugi. No terceiro dia, disseram que o túmulo estava vazio. Algumas mulheres, depois Pedro, depois João. Mas o que é esperança quando o coração ainda sangra? Fui para Emaús com ele — o outro. Dois passos entre lembranças, perguntas demais, fé de menos. Falávamos sobre tudo. Sobre Ele. Sobre o que pensávamos que seria. Sobre o que vimos… E o que não conseguimos crer. Foi quando um homem se juntou a nós. Caminhava como quem nos conhecia. Perguntava como quem já sabia. E ouvia… como Ele ouvia. Então, começou a falar. De Moisés até os profetas. Como se cada letra apontasse para um só nome. E as palavras… as palavras eram brasas. Não queimavam por fora. Mas acendiam por dentro. Algo em mim queria se curvar. Algo em mim queria correr. Mas a dor ainda fazia sombra. Chega...

⛈️O Túmulo Vazio

⛈️Crônicas que respiram O Túmulo Vazio Narrado pela Morte "Eu vi reis caírem em silêncio. Eu vi guerreiros gemerem. Eu vi profetas tremerem. Mas Ele... apenas veio." "Veio ferido, sangrando, desfigurado — mas sem temor. Veio como quem já conhecia o caminho, como quem não era prisioneiro, mas visitante. E eu, a Morte, senti algo que jamais havia sentido: receio." "Recebi-o com minhas mãos frias, como a todos. Deitei-o em meu leito de pedra, como a todos. Cerquei-o com silêncio... como a todos. Mas nada era como antes." "Porque algo dentro de mim vacilava. Seu sangue... não era como os outros. Era um sangue que falava. E o que dizia, queimava." "O Inferno, meu aliado, se encolheu. Não era mais abrigo — era palco da vergonha. Os gritos que outrora celebravam minha vitória, agora tremiam diante Dele." "Ele não dormia. Ele descia." "Três dias. Três dias em que os portões que nunca cederam começaram a ranger....

⛈️O Céu Chorou

⛈️Crônicas que respiram O Céu Chorou No princípio, eu era abrigo. Eu, o céu, vestia a criação com luz e esperança. Era palco de promessas, moldura de dias e noites, testemunha silenciosa do eterno sobre o tempo. Mas naquele dia... eu estremeci. O Filho subiu. Não num trono, mas numa cruz. E cada passo dele feria não só a terra — feria a mim. A luz fugiu do meu rosto. O sol se calou em agonia. As nuvens se enegreceram, pesadas com um choro que não podiam conter. Eu rugi. Não com trovões, mas com um grito contido, um pranto sem palavras que atravessou os céus. Eu vi o sangue cair. E com ele, cada gota era como um prego cravado em mim. Eu, o céu, o alto, não suportei. As aves se calaram. O ar cortava como lâmina. A criação inteira prendia o fôlego. E então… o grito. — “Eli, Eli, lamá sabactâni?” Esse som atravessou meus véus. Rasgou minha alma infinita. Ecoou entre galáxias, e nada pôde respondê-lo. Nem eu. Nem as estrelas. Nem os anjos. Foi ali que rompi. C...

A Buzina de Ouro

A Buzina de Ouro Uma fábula sobre o chamado, a humildade e a verdadeira aliança. Dentro de um velho tronco oco, onde o musgo brilhava sob a luz filtrada do amanhecer, havia um formigueiro antigo, conhecido por todos como o Formigueiro Real da Floresta Velha. Ali governava um senhor justo, sábio e respeitado, chamado simplesmente de Antor, o Provedor. Seu maior tesouro era sua filha, Aurora, uma jovem formiga de coração gentil e olhos atentos, como estrelas que brilham antes do orvalho. Quando chegou o tempo de seu aniversário, Antor desejou fazer uma grande celebração. Não apenas por tradição, mas por gratidão à vida, à floresta, aos ciclos que sustentam as colônias. Seria um banquete de honra. Mas este não era um convite comum. Antor tirou, de um cofre enterrado sob o Salão das Raízes, um instrumento raro e antigo: a Buzina de Ouro. Forjada no tempo dos Primeiros Túneis, ela só era tocada em dias de promessa. Seu som era inconfundível — um chamado claro, doce e profundo, que ecoa...

O Forasteiro da Asa de Ouro

O Forasteiro da Asa de Ouro Uma fábula sobre a verdade, a liberdade e a fidelidade. Dentro de uma floresta antiga e repleta de vida, onde as folhas dançavam com o vento e o orvalho cintilava como diamantes, existia a Comunidade do Vale das Asas, formada por insetos de todas as espécies. Viviam em harmonia, compartilhando o pólen, cuidando do solo e celebrando as estações com alegria. Tudo corria em paz… até o dia em que surgiu, entre as sombras do entardecer, um imponente inseto de asas douradas e voz encantadora. Chamava-se Zareph, o estrangeiro. Pedia abrigo, mas trazia muito mais: histórias de um reino distante, onde os insetos voavam mais alto, onde o mel jorrava das flores e ninguém mais precisava se esforçar para colher. Logo, Zareph se tornou o centro das atenções. Seus relatos, envoltos em brilho e promessas, seduziram muitos. Ele ensinava que bastava seguir suas ordens e métodos — deixar as antigas rotinas, abandonar o conselho dos mais velhos, ignorar os sinais da floresta. E...

🌾 Rompendo Fronteiras

🌾 Rompendo Fronteiras A noite estava silenciosa, e o campo, que durante o dia parecia vasto e cheio de vida, agora se tornava um refúgio tranquilo. O vento acariciava suavemente as folhas, enquanto a lua cheia iluminava os contornos da paisagem, criando sombras suaves, como se o tempo houvesse parado por um instante. Rute estava sentada sobre um manto. Sua respiração era calma, como quem ouve a canção serena da noite. Boaz se aproximou, seus passos discretos na terra batida, até parar ao lado dela, hesitante, como se algo em seu peito o impedisse de seguir adiante. “Rute...” Ele disse seu nome como se fosse uma oração, com suavidade e reverência. Seus olhos buscaram os dela, mas as palavras demoraram a vir. A presença dela, serena e firme, parecia preencher todo o espaço entre eles. Rute ergueu o rosto e, quando seus olhares se cruzaram, nenhum dos dois precisou dizer mais. A dor, a perda, as feridas não curadas — tudo estava ali, refletido no silêncio do olhar. “Eu não sei como,...

💧Renovando o nome entre lágrimas

 💧Crônicas que respiram Volume IV Capítulo 3: As Lágrimas Que Me Deram um Nome Novo (Narrado por Noemi) As lágrimas escorrem pelo meu rosto. Não de tristeza… mas de um misto que nem sei explicar. Talvez seja alívio. Talvez saudade. Ou talvez seja só o corpo lembrando que ainda sou humana, mesmo depois de perder quase tudo. Estou com um menino nos braços. O filho da minha nora. Mas ele é mais que isso. Ele é um milagre com olhos fechados e respiração serena. Eu já chorei por amor. Chorei por saudade. Chorei por enterrar sonhos. Mas essa lágrima que cai agora é diferente. É a lágrima de quem achava que o céu estava fechado, e então o sol entrou pela fresta da janela, sem pedir licença. Quando perdi meu marido, eu não chorei — eu gritei. Quando perdi meus filhos, eu não questionei — eu me calei. Mas quando ela disse que não me deixaria, que o Deus dela seria o meu Deus, eu me senti… vista. Rute. Ah, Rute. Ela não me deu promessas. Me deu presença. E foi isso que m...